Faria ontem (2 de Agosto de 2009) 80 anos se não nos tivesse abandonado em 1987.
Mas se um pouco por todo o país Zeca Afonso foi alvo de memória, a cidade que o viu nascer não se dignou a prestar-lhe a justa homenagem.
Zeca Afonso foi uma personagem marcante do seu tempo e uma figura maior na luta contra a ditadura. Podia não ser o maior dos músicos nem a melhor voz nacional, mas tudo junto era de uma singularidade excepcional que nos fazia estremecer. Figura ímpar, um dos maiores portugueses do século XX.
E Aveiro com vergonha que tenha nascido nas suas terras...
Muito para além da sua intervenção política Zeca Afonso foi marcante, mas Aveiro, a Câmara Municipal de Aveiro em particular (e a sua direita retrógrada aparentemente saudosista dos tempos da ditadura), presa ao estigma de homenagear uma das personagens mais mediáticas da esquerda portuguesa nada faz para se associar a esta data.
Pergunto-me quantos aveirenses não fazem a mínima ideia da ligação de Zeca Afonso a Aveiro?!...
Dá para fazer o paralelismo com Salzburgo, que por estes dias vive à sombra de Mozart e é essencialmente devido a Mozart que estas nos mapas (culturais), mas no seu tempo...
Nunca Aveiro será uma verdadeira cidade enquanto persistir no seu menosprezo pela cultura e fechada sobre o seu umbigo, liderada por seres sem visão, mas com dores de cotovelo do tamanho do mundo.