Um comentário certeiro de Carlos Velasco, tirado daqui:
"Caro Nuno,
Aí está o protótipo do empresário cavaquista, como você diz. Essa gente é muito boa a gerir um negócio nas seguintes condições:
1 - O governo, em troca da criação de "postos de trabalho", paga a infra-estrutura, doa o terreno, dá incentivos fiscais e acelera a burocracia.
2 - Os bancos, graças às dimensões do negócio, cobram spreads ridículos na comparação com o que cobram aos pequenos, para não falar de que os bancos costumam ser accionistas destas empresas.
3 - Os fornecedores, por causa da posição desses grupos, são espremidos. No caso do continente chegam a ser obrigados a dar de graça a primeira remessa de mercadoria, a título de "teste". E depois fazem preços menores que os cobrados aos pequenos.
4 - As câmaras começam a cobrar estacionamento nos centros urbanos, o que afasta a clientela dos pequenos negócios nas cidades. Em troca, muitas vezes, constroem infra-estrutura de transporte que passa nos continentes, ou avisam o grupo Sonae onde elas vão passar para este comprar o terreno barato, de preferência antes da alteração do PDM.
5 - A cobrança de IMI não poupa quem possui um negócio num centro, mas é branda para com os continentes da vida, estrategicamente colocados em terrenos baratos e muitas vezes isentados de impostos por criarem "postos de trabalho".
6 - A GALP, ao invés de dar um desconto directo, dá um talão que só pode ser descontado no continente.
7 - Aproveitando a falta de tempo do trabalhador moderno, e o facto de que as mulheres trabalham tanto quanto os homens, se dá um desconto em alguns artigos que as pessoas fixam mais os preços e se cobra muito mais no outros, que são colocados no caminho para os bens mais consumidos. Já fiz o teste e vi que os preços do continente são muito mais caros. Algumas vezes chegam a ser cinco vezes mais caros!
8 - As grandes empresas têm condições para serem SA´s, ou até terem a sede lá fora, o que facilita em muito a vida com as finanças. Já as Lda. estão f... E nem vamos falar de como os grandes são bem tratados. O pequeno tem logo o seu negócio fechado.
9 - Numa economia super-regulamentada, só os gigantes podem possuir departamentos especializados em lidar com isso. Já o pequeno não pode lidar com o negócio e a burocracia ao mesmo tempo. Depois, há o poder de lóbi. Quem vai multar o continente (milhares de postos de trabalho ameaçados...)? Mas ao zé da esquina, ninguém liga.
10 - O grupo sonae pode fazer doações e dar empregos a muito gente dos partidos. O pequeno comerciante, se o fizer, fica com o negócio quebrado.
11 - Ainda podemos lembrar daquelas privatizações feitas por encomenda, sempre nos momentos oportunos. Há uns corticeiros por aí que compraram umas acções muito baratas e depois entraram para a lista dos mais ricos do mundo, quando o mercado se apercebeu do valor do que compraram. Hoje as bombas com o nome da empresa dão os tais talões que podem ser descontados no continente, e vice-versa.
O pior é que muitos idiotas liberais acreditam que defendem o mercado livre, quando na verdade defendem o socialismo das corporações. Enfim, para eles basta meter o rótulo "privado" numa empresa para acreditarem que ela favorece uma política de direita."
Fácil, fácil.
Não surpreende que o Tio Belmiro venha dar um empurrãozinho ao Catequista Cavaco, algumas generosidades tem de ser pagas... e outras virão!
São só 42 Portugais a viver em pobreza extrema no mundo, com um aumento de 3 milhões por ano na última década... mas o sistema é óptimo, a repartição da riqueza é perfeita, os ricos (os "podres" de rico) o que mais gostam é de ajudar as populações carenciadas! Estamos no paraíso, um paraíso de fazer inveja ao do Adão e da Eva.
Será que estas campanhas servem para alguma coisa?
O que melhorou em 2010?
... não esteve no governo quando estas situações já existiam? Fez alguma coisa para mudar a situação à época? Não colocou muitos dos seus subordinados e correligionários em "tachos" onde recebem "gratificações" muito superiores ao Presidente da República?
E já agora onde conhece o seu correligionário, o Jacinto Leite Capelo Rêgo?
"Pode-se portanto considerar que se assiste a um teste de grandeza real, da parte da China, para medir a sua nova influência sobre o Japão; e, da parte do Japão, para avaliar o que resta da capacidade de acção americana na Ásia face à China. Os acontecimentos destas últimas semanas mostram que enredada na sua paralisia política e na sua dependência económica e financeira em relação à China, Washington prefere não se envolver." - daqui
... e ainda falta vir a afirmação da Índia!
Maria da Conceição Tavares (veterana economista brasileira): "...Olha para a Europa. A Europa está num reacionarismo conservador que é uma desgraça, está pior que os EUA. Nos EUA, até os conservadores viraram keynesianos por causa da crise. Na Europa, os caras estão fiscalistas ao extremo, estão arrebentando com a Europa, tem uma tendência japonesa [de estagnação] acentuada." - daqui.
... e não é só do ouro negro que brota práquelas bandas.
Noruega... para pensar
(Daqui: http://luzdequeijas.blogs.sapo.pt/1415168.html)
'Na Noruega, o horário de trabalho começa cedo (às 8 horas) e acaba cedo (às 15.30). As mães e os pais noruegueses têm uma parte significativa dos seus dias para serem pais, para proporcionar aos filhos algo mais do que um serão de televisão ou videojogos. Têm um ano de licença de maternidade e nunca ouviram falar de despedimentos por gravidez.'
'A riqueza que produzem nos seus trabalhos garante-lhes o maior nível salarial da Europa. Que é também, desculpem-me os menos sensíveis ao argumento, o mais igualitário. Todos descontam um IRS limpo e transparente que não é depois desbaratado em rotundas e estatuária kitsh, nem em auto-estradas (só têm 200 quilómetros dessas «alavancas de progresso»), nem em Expos e Euros.'
'É tempo de os empresários portugueses constatarem que, na Noruega, a fuga ao fisco não é uma «vantagem competitiva». Ali, o cruzamento de dados «devassa» as contas bancárias, as apólices de seguros, as propriedades móveis e imóveis e as «ofertas» de património a familiares que, em Portugal, país de gentes inventivas, garantem anonimato aos crimes e «confundem» os poucos olhos que se dedicam ao combate à fraude económica.
'Mais do que os costumeiros «bons negócios», deviam os empresários portugueses pôr os olhos naquilo que a Noruega tem para nos ensinar. E, já agora, os políticos.
Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país, afiança que os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta cilindrada das suas frotas. Pelo contrário, andam de metro, e não se ofendem quando os tratam por tu. Aqui, cada ministério faz uso de dezenas de carros topo de gama, com vidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência dos cidadãos. Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos verdadeiramente importantes.
'Mais: os noruegueses sabem que não se «projecta o nome do país» com despesismos faraónicos, basta ser-se sensato e fazer da gestão das contas públicas um exercício de ética e responsabilidade. Arafat e Rabin assinaram um tratado de paz em Oslo. E, que se saiba, não foi preciso desbaratarem milhões de contos para que o nome da capital norueguesa corresse mundo por uma boa causa.·
'Até os clubes de futebol noruegueses, que pedem meças aos seus congéneres lusos em competições internacionais, nunca precisaram de pagar aos seus jogadores 400 salários mínimos por mês para que estes joguem à bola.
Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses que ali montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha acima do círculo polar Árctico, deixava elogios rasgados à «social-democracia nórdica». Ao tempo para viver e à segurança social.'
'Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas para os vermos precisamos de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos escuros. Não clamam por messias nem por prebendas . Não se queixam do «excessivo peso do Estado», para depois exigirem isenções e subsídios.
É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós.
Seria meio caminho andado para nos civilizarmos.